Por Pedro Zambarda e Sérgio Hoff.
A operação Tempus Veritatis da PF deflagrada nesta quinta (8) e que resultou na prisão de diversas figuras do bolsonarismo, buscas e apreensões e retenções de passaportes – inclusive de Bolsonaro -, traz evidências da tentativa de golpe. Conversas e gravações mostram uma reunião ministerial ocorrida em 5 de julho de 2022.
Na ocasião, diversos ministros de Estado estão presentes. E muitas falas estão sendo extraídas e contextualizadas nas últimas 24 horas com a divulgação do vídeo da reunião. Foi frisado, por exemplo, os chamados à “reação” e a necessidade de “agir antes das eleições” para “virar a mesa”.
No entanto, há um trecho preocupante ainda pouco explorado e com um potencial de gravidade muito maior apontado por esta Folha Democrata.
Em certo momento, o general Augusto Heleno toma a palavra e afirma que conversou com o diretor-adjunto da Abin chamado “Vitor” para infiltrar agentes nas campanhas eleitorais, mas adverte do risco de se identificarem os agentes infiltrados.
O diretor em questão é Vitor Carneiro, que estava em atividade na Agência de Inteligência naquele momento e naquele posto.
Nesse momento Bolsonaro interrompe a fala de Heleno, provavelmente temendo escancarar toda a trama, e determina que ele não prossiga para conversarem em particular posteriormente sobre o que a Abin faria.
Após esse momento, Heleno prossegue sua fala incitando os demais: “o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que ter soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”.
É possível a partir dessa fala conectar os pontos entre Augusto Heleno, Ramagem e Bolsonaro no esquema que vem sido chamado de “Abin Paralela” e inclusive esquecer o termo “paralela”, pois a Abin estava mobilizada e a serviço inclusive com agentes de campo “infiltrados nas campanhas eleitorais”, de acordo com o próprio Heleno.
Mesmo com o golpe gravado, Jair Bolsonaro ainda tentou reduzir os danos da fala de seu general no GSI.
Não conseguiu.
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