Quase quatro milhões de mortos no Vietnã. Meio milhão no Camboja. Três milhões em Bangladesh. 200 mil mortos no Timor Leste. E apoio irrestrito às ditaduras do Chile, onde Pinochet era seu amigo, da Argentina e do Brasil. Esse era Henry Kissinger, o diplomata de 100 anos que faleceu em 29 de novembro de 2023.
Tratado como "gênio" por um Prêmio Nobel vergonhoso no acordo do fim da Guerra do Vietnã, Kissinger foi descrito pela Rolling Stone, pelo New York Times e pelas mídias de esquerda pelo seu verdadeiro adjetivo: Criminoso de guerra. E um criminoso que nunca pagou por seus crimes por ser representante da política externa dos Estados Unidos da América.
Em contato com a Folha Democrata, o doutor em ciência política João Feres Júnior, responsável pelo site Manchetômetro, nos recomendou seu novo livro “A história do conceito de Latin America nos Estados Unidos” em cima dos acontecimentos recentes envolvendo Kissinger.
O livro aborda as representações da América Latina e dos latino-americanos produzidas nos Estados Unidos desde o início do século 19 até o final do século 20. No material, o autor mostra a concepção por parte dos americanos um “outro” latino que ocupa o continente americano esteve ligada, desde sua origem, a percepções racistas e preconceituosas.
Utilizando os conceitos de teoria da modernização, estabilização política, dependência e os estudos do corporativismo, a América Latina é exposta no livro como algo diametralmente oposto aos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, traçando as conexões de cada uma delas com a política externa dos Estados Unidos.
Feres aborda os chamados Latin American Studies, que desde sua criação estiveram diretamente conectados a interesses políticos e econômicos daquele país na América Latina.
O livro, lançado neste ano, tem 500 páginas e está disponível para compra no site da editora ContraCorrente.
É fundamental entender a política externa dos EUA para, além das atrocidades de Kissinger, entender por qual razão ditaduras militares foram implementadas no nosso continente e qual é a natureza da abordagem deles no Oriente Médio e em locais das chamadas "Guerras por Procuração".
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