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Terça-feira, 18 de Fevereiro de 2025

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Deputada Célia Xakriabá se torna a primeira indígena doutora pela UFMG

Marco histórico; informação dada à FD

Deputada Célia Xakriabá se torna a primeira indígena doutora pela UFMG
Foto: Divulgação
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Folha Democrata recebeu a informação da deputada:

Em um marco histórico para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e para o movimento indígena no Brasil, a deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG) defende sua tese de doutorado em Antropologia nesta quarta-feira (30) consolidando-se como a primeira mulher indígena a obter o título de doutora pela instituição. Célia, pertencente ao povo Xakriabá, de Minas Gerais, traz para sua pesquisa a potência dos saberes tradicionais e da ciência indígena, reafirmando seu compromisso com a defesa do território e a valorização da cultura de seu povo.

 

Na tese *Ancestraliterra - Sabedoria indígena na política e na universidade*, Célia apresenta uma visão de território que transcende a geografia, onde “o corpo é território, e o território é corpo”. Sua pesquisa propõe uma integração entre os conhecimentos indígenas e acadêmicos, mostrando que o saber das mulheres-semente – como ela mesma define – é tão fundamental para a ciência quanto o conhecimento produzido dentro das universidades. Para ela, as primeiras mulheres cientistas foram as benzedeiras e parteiras, aquelas que curam e preservam saberes ancestrais com um "C maiúsculo".

 

A deputada destaca suas origens no Cerrado, onde o pequi, “o ouro do Cerrado”, simboliza o respeito e o cuidado com a natureza, em contraste com a exploração predatória dos recursos naturais. Em sua trajetória, Célia aponta que “forma-se no território” antes mesmo de chegar à universidade, e que a luta por espaços de representação – como o doutorado e o Congresso Nacional – é uma extensão da luta pela demarcação de terras indígenas.

 

Para Célia, a caneta, tanto na academia quanto na política, é uma ferramenta poderosa: pode “escrever livros e leis, mas também arrancar direitos”. Em seu discurso, ela reconhece o medo que muitos indígenas têm da caneta, uma vez que, no Congresso, ela “também é arma de fogo que assina morte”. Com essa metáfora, Célia evidencia a violência que pode estar contida nas decisões políticas e a importância de ocupar espaços de poder para proteger direitos e promover justiça social.

 

A tese da parlamentar mineira, que explora a interseção entre os saberes indígenas e os caminhos da política, reforça a importância de ocupar esses espaços para garantir que sua história não seja isolada. Ela se coloca como exemplo e inspiração, defendendo que as universidades e os parlamentos precisam abrigar mais indígenas, mais mulheres e mais vozes que trazem a ancestralidade como força. "Eu sou a primeira, mas não serei a última”, declara, reafirmando o compromisso de sua luta por uma representação que continue a valorizar as raízes culturais e a justiça social para os povos originários.

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