A Folha Democrata recebeu de Heloisa de Carvalho, filha primogênita do falecido guru bolsonarista Olavo, informações sobre a internação que ele teve em julho de 2021. O Ministério Público na época investigou as circunstâncias dessa hospitalização em um hospital público no SUS.
Tivemos acesso a um voto na data de 20 de agosto de 2024 de um conselheiro do MP que converte “julgamento em diligência” para acionar o espólio e os herdeiros de Olavo de Carvalho após arquivamento de suspeita de uma internação que pode ter causado “dano ao erário”.
Vamos recapitular: Olavo, negacionista da pandemia da Covid-19, esteve internado nos Estados Unidos em 13 de abril de 2021 com crise respiratória. O guru viajou ao Brasil em 8 de julho para tratamento médico. Por orientação do cardiologista José Antonio Franchini Ramires, Olavo de Carvalho deu entrada na emergência do InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), onde foi atendido e internado durante dez dias pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas que estranhamente ficou na ala privada do hospital.
Nos EUA, Olavo de Carvalho dependia do tratamento de saúde privado, enquanto em nosso país ele pode se tratar em um sistema público universal. Heloisa de Carvalho foi uma das pessoas que levantou a suspeita de que ele teria “furado a fila” de internação.
O deputado José Américo (PT) fez um requerimento para a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo, que ouviu o superintendente do Hospital das Clínicas, Antonio José Rodrigues Pereira, sobre a internação no InCor. Ele negou que o bolsonarista Olavo de Carvalho “furou a fila” no tratamento em estabelecimento público assim que desembarcou de voo vindo dos Estados Unidos.
No mês de agosto daquele ano, o guru recebeu visita irregular de seu filho Davi de Carvalho. Davi visitou o pai sem máscara e era auge da pandemia do novo coronavírus.
Olavo retornou para Richmond, Virgínia, nos Estados Unidos e faleceu no dia 24 de janeiro de 2022 por causas que nunca foram plenamente explicitadas.
Fora do testamento
O guru bolsonarista incluiu todos os seus filhos, Silvio Grimaldo, militante olavista do Brasil Sem Medo de Londrina, e Stella Caymmi, filha da cantora Nana Caymmi e neta do também músico Dorival Caymmi, entre os herdeiros. Mas excluiu um nome entre os herdeiros diretos: O de Heloisa de Carvalho.
Rompida com Olavo de Carvalho depois que escreveu uma carta aberta denunciando suas violências em 2017 e após me conceder uma entrevista, Heloisa se filiou ao PT, saiu, hoje está no PSOL e segue denunciando os extremistas que são seguidores do seu falecido pai. Por essa razão, ela foi excluída do testamento.
Ao DCM, Heloisa diz que vai acionar a Justiça no Brasil para verificar seus direitos.
“Só esclarecendo que existe um inventário aberto por mim no Fórum Central em São Paulo que está aguardando decisão do juiz. Os fatos ainda não estão definitivamente decididos. E lembrando que o Caetano Veloso pode a qualquer momento pedir a penhora do seu crédito no inventário”.
“Vou recorrer para pagar os três milhões que Olavo deve ao Caetano Veloso na Justiça”.
A disputa prossegue.
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