O jornal Correio do Brasil, do Rio, repercutiu a entrevista com o professor José Fernandes nesta Folha Democrata. O editor Rui Martins fez algumas considerações sobre a comunicação no governo Lula 3, suas deficiências de comunicação e formatos. Ele menciona o nosso programa Folha Entrevista.
Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
Eis as considerações dele:
Lula deveria utilizar as redes sociais de esquerda, portais e canais, para seus contatos com o povo Bolsonaro tinha um encontro diário com seus seguidores no chamado Cercadinho, já desmontado, junto do Palácio do Alvorada, repercutido depois pela imprensa e suas redes sociais. Como não era um presidente revolucionário ou inovador, surpreende a constatação de que ali não fazia comunicações de medidas sociais que favorecessem seus seguidores, mesmo porque durante seu governo sequer reajustou o salário mínimo. Era uma conversa conservadora, utilizando uma linguagem bem popular, às vezes mesmo chula. Ora, era isso, o fato de ser um presidente que aceitava manter um bate-papo com simples admiradores, tudo sob uma aura evangélica religiosa, que mantinha a popularidade de Bolsonaro, a ponto de quase ter conseguido se reeleger.
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Estas observações decorrem, em grande parte de uma entrevista do influencer responsável pelo Portal do José e de seus comentários sobre o papel que ocupa atualmente a TV Brasil e de sua falta de audiência, publicada numa reportagem do jornal Estadão, retormada pelo grupo mediático de direita Antagonista. Como alguns leitores poderão imaginar estarmos fazendo a apologia das tevês públicas que fazem propaganda de seus governos, é bom ressaltar que isso ocorre só nas ditaduras. Nem se trata de defender a privatização total das tevês, mas de se imaginar como se obter mais audiência na concorrência com tantas redes sociais convertidas em minis-tevês.
A TV Brasil gasta 600 milhões de reais por ano (este ano são 800 milhões) mas não tem audiência e nem metas a alcançar, comenta o influencer professor e jurista José Fernandes Jr, entrevistado por Pedro Zambarda do Portal Folha Democrata. A declaração foi a propósito do governo Lula não contar com uma boa base mediática para debater e divulgar as iniciativas do seu governo e seus ministérios.
Na verdade, praticamente só o Canal 247 cuida disso, enquanto a oposição a Lula e a extrema direita dispõe de centenas de redes sociais populares, uma grande parte utilizando fake-news. Isso mostra não haver uma contrapartida para se enfrentar o enxame de canais preocupados em manter vivo o bolsonarismo.
E a totalidade desses canais é auto suficiente, mantida por seus criadores ou por pequenos grupos, contando com a monetização paga pelo Youtube ou com contribuições de seguidores permitidas nas chamadas comunidades.
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