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Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025

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Reinaldo Azevedo é um curioso cronista dos tresloucados tempos de polarização. Por Pedro Zambarda

Vale a pena voltar a este assunto

Reinaldo Azevedo é um curioso cronista dos tresloucados tempos de polarização. Por Pedro Zambarda
Foto: Reprodução/BandNews
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Vale sempre voltar neste assunto. Chamei dias atrás Reinaldo Azevedo de "a Jovem Pan da esquerda". Pelo volume de pessoas assistindo suas lives na BandNews. Pela audiência da Band na TV paga ter passado a CNN e ter incomodado a GloboNews. Por sua audiência nunca ter caído muito, mas por ele ter feito uma guinada radical com Jair Bolsonaro no poder. Explico.

A mudança de Reinaldo suscitou especulações de que sua opinião foi comprada. As suspeitas começaram na esquerda, de quem ele foi adversário histórico, e hoje estão concentradas na extrema direita. E a pergunta sobre "opinião comprada" suscita uma questão básica. Ela francamente não importa.

Reinaldo ter mudado de opinião por algum fato pontual, seja a perseguição da Lava Jato ou o negacionismo de Bolsonaro na pandemia, não explicam o todo do seu processo enquanto colunista de política. Não explica as nuances do seu processo opinativo.

O Reinaldo da revista República, Primeira Leitura e revista Veja era herdeiro do neoliberalismo de FHC. O Reinaldo da Jovem Pan, da Rede TV e dos primeiros anos da BandNews, era um protótipo de colunista da FoxNews de um conglomerado de extrema direita que não deu certo, porque a mídia corporativa essencialmente apostou num líder ruim e de pouco fôlego.

Fernando Henrique Cardoso não fez sucessor, mas teve sucessores no governo de São Paulo e em outros governos. Bolsonaro não se reelegeu, não fez sucessores e pode ter feito sucessores fracos nos governos estaduais. Reinaldo Azevedo está atento a esses movimentos no "mercado de ideias", como ele mesmo diz sobre o mercado de jornalismo.

Talvez Reinaldão tenha entendido que Lula, governando oito anos e fazendo uma sucessora que venceu duas eleições, além de estar ancorado no maior partido de esquerda da América Latina e um dos maiores do mundo, tenha mais futuro político do que os suspiros tresloucados e vira-latas de uma direita que imita os Estados Unidos.

Reinaldo mudou. Por essas e muitas razões. E suas opiniões não são somente opiniões, mas quadros do panorama de polarização que vimos nos anos 2000.

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