Por Pedro Zambarda, editor da Folha Democrata.
Eleito por 205.324 votos pelo estado do Rio de Janeiro, o segundo maior em votos, Eduardo Pazuello (PL) vive somente em Brasília e pouco viaja para a residência de demais familiares, de acordo com diferentes fontes ouvidas pela Folha Democrata, que resultaram em uma série de reportagens.
E agora, o general que foi ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, entra na mira das investigações da Polícia Federal. De acordo com o jornal O Globo, relatório policial descreve conversas no WhatsApp e resgistros de entrada no Palácio do Alvorada como indício de que o militar defendeu a adoção de medidas que pudessem reverter o resultado eleitoral de 2022.
É citado um áudio gravado em 8 de novembro de 2022 no qual o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, relata a um interlocutor (segundo a PF, aparentemente endereçado ao então comandante do Exército, general Freire Gomes) que o então presidente estava recebendo visitas pessoais "no sentido de propor um ruptura institucional" e “pressioná-lo a tomar medidas mais fortes para reverter o resultado das eleições”.
"O cenário apresentado por Mauro Cid ao general Freire Gomes, na data de 08 de novembro de 2022, já demonstra uma atuação do atual deputado federal, o general Eduardo Pazuello, no sentido de propor uma ruptura constitucional, com fundamento em uma interpretação anômala do art. 142 da Constitucição Federal", diz a PF.
Pazuello defendeu o golpe no Instagram
Nos dias 27 e 28 de outubro de 2022, o general deputado defendeu o programa do PL para "ser um fiscal eleitoral de Bolsonaro" nas eleições, dando corda para o discurso que questionou as urnas eletrônicas e a atuação do TSE, presidido pelo ministro Alexandre de Moraes.
No dia 7 de novembro de 2022, Pazuello subiu o tom para defender os golpistas que estavam nas ruas. "O presidente tentou aprovar a implementação de um sistema de auditoria para dar mais transparência ao processo eleitoral, sistema esse rechaçado pela oposição. Por isso hoje o povo está nas ruas! Pela indignação com um sistema que poderia ser mais transparente e auditável".
No dia 16 de novembro, Pazuello endossou um tuíte do general Villas Boas, defendendo novamente os golpistas acampados nos QGs - e a esposa do militar mais graduado esteve presencialmente lá. No dia 23 do mesmo mês, o general deputado do PL voltou a cobrar "transparência" do processo eleitoral que já estava encerrado. Pazuello também defendeu o ato do Partido Liberal de tentar judicializar o questionamento sobre a decisão tomada após os votos dados nas urnas.
A derrota de Bolsonaro e o apoio ao golpe fez Eduardo Pazuello se mudar de vez para Brasília, antes mesmo de ser empossado como parlamentar.
No dia 8 de janeiro de 2023, dia da tentativa de golpe bolsonarista, Pazuello chamou as depredações na Praça dos Três Poderes apenas de "fatos tristes" que deficultam "nossa oposição dentro das quatro linhas, articulada e contundente contra o atual governo!".
Pazuello, portanto, sequer escondeu que estava apoiando os atos golpistas dos seguidores de Jair.
Depois disso, o deputado apenas fez elogios ao Exército, para Bolsonaro, que considera como padrinho político, e também à Operação Acolhida, de refugiados venezuelanos, que o lançou para a carreira de ministro da Saúde em uma pandemia de Covid-19 que matou mais de 700 mil pessoas.
Outro lado
O general Pazuello foi procurado diversas vezes pela reportagem da Folha Democrata para dar sua versão das histórias que o cercam. Ele não responde e não desmente as informações.
O espaço está aberto para manifestação dele.
Leia a série de reportagens da FD sobre Pazuello e seu entorno
EXCLUSIVO: QUAL ERA O APELIDO DADO AO CORONEL QUE APARECE EM ÁUDIO GOLPISTA?
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