Eduardo Pazuello foi provavelmente o pior ministro da Saúde da história do Brasil, no momento em que havia uma pandemia do novo coronavírus em escala global e seu chefe pregava o uso de cloroquina e a retirada de máscaras para isolamento social. Os números oficiais da peste sob Pazuello e Bolsonaro apontam para 700 mil mortes, mas a mortalidade contando efermidades relacionadas à Covid-19 dão conta de mais de um milhão de óbitos.
Como repórter, eu acompanhei a CPI da Covid e os depoimentos que davam conta que Pazuello dava festas "regadas a uísque" com colegas do governo Bolsonaro enquanto comprava "sacos pretos" no Amazonas para as pessoas que morriam com falta de ar nos hospitais. Jair chegou a incumbi-lo da missão de mudar a bula da cloroquina para aprovar o "tratamento precoce" que acelerou as mortes da população enquanto ele, ministro da Saúde "especialista" em logística, mandou vacinas atrasadas em quantidades erradas.
Não bastasse seus possíveis crimes cometidos em público, cercado por figuras como Airton Cascavel, investigado por suspeita de estuprar a própria neta enquanto atuava para fortalecer Pazuello no ministério da Saúde, agora o general aparece em conversas de WhatsApp de Mauro Cid.
Antes disso, na CPI da Pandemia, Eduardo Pazuello teve um aliado amazonense. Embora muito elogiado pela esquerda, o senador Omar Aziz, ex-governador, fez questão de tratá-lo com deferência, enquanto cobrou mais de outros depoentes. Aziz chegou a chamar Cascavel de "amigo" e se mostrou constrangido com as perguntas envolvendo o aliado mais próximo do general.
Mas agora o caminho de Pazuello parece estar chegando para um final trágico dentro de sua improvável carreira política, que começou como um militar incompetente.
Eduardo Pazuello aparece em um áudio gravado em 8 de novembro de 2022 no qual o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, relata a um interlocutor (segundo a PF, aparentemente endereçado ao então comandante do Exército, general Freire Gomes) que o então presidente estava recebendo visitas pessoais "no sentido de propor um ruptura institucional" e “pressioná-lo a tomar medidas mais fortes para reverter o resultado das eleições”.
Essa informação está nas mãos da Polícia Federal, que fez buscas, apreensões e prisões na Operação Tempus Veritati. As apreensões da PF estão sendo cruzadas com a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cesar Barbosa Cid.
"O cenário apresentado por Mauro Cid ao general Freire Gomes, na data de 8 de novembro de 2022, já demonstra uma atuação do atual deputado federal, o general Eduardo Pazuello, no sentido de propor uma ruptura constitucional, com fundamento em uma interpretação anômala do art. 142 da Constitucição Federal".
Pazuello estava no desgoverno que matou na pandemia, por omissão ou condução anticientífica.
E Pazuello aparece na articulação de militares para tentar "virar a mesa" após a vitória de Lula.
Se o Brasil for sério, sabe qual destino o general merece.
Leia a série de reportagens da FD sobre Pazuello e seu entorno
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